domingo, 2 de fevereiro de 2020

A estética da juventude: banho do desejo


Recentemente, uma conhecida atriz deixou em sua carta de despedida que odiava a idéia de envelhecer.

Esse desconforto não é fruto da pós modernidade: Gilgamesh (sec. III a.C.) buscava uma tal fonte mágica que lhe proporcionaria a juventude eterna e o tornaria imortal. Na mitologia grega a deusa Hera banhava-se numa fonte miraculosa para ficar sempre jovem e linda para o seu esposo Júpiter.

A madrasta da Branca de Neve invejava a juventude de sua enteada e disputava o espelho com ela...

Esse apelo à juventude se deve ao fato de que a plástica que mais agrada aos olhos é a mocidade, ainda que todos saibamos que ela é fugaz. Por mais que venhamos a tentar segurá-la, nos esvai por entre os dedos...

Numa de suas entrevista à TV portuguesa, o ator Paulo Autran afirmou gostar da idéia de ser velho, e não se importava de ser chamado de "velho" pelos amigos, pois nisso havia afeto.

A experiência marcada pela virada das décadas é o grande trunfo da velhice.

Estou envelhecendo, é verdade: mas vi cores... cheirei cheiros... escutei sons... toquei coisas... refleti a vida de formas que os jovens ainda não!

Por isso que concluo: a juventude se preserva na medida em que me abro ao novo e a novas esperiências...

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