sexta-feira, 11 de março de 2016

Expectativas frustrantes do ser

Quem é o outro para mim ? Sartre traria uma resposta bastante negativa a esta pergunta, sendo seguido por J. Lacan.
O outro é o ideal de mim. O meu espelhamento. Desejamos no outro uma continuidade de nós mesmos. Nos agradamos em conviver com quem pensa igual ou com quem concorde com tudo o que diga ou penso.
Idealizamos o cônjuge. Queremos nossas respostas carimbadas nos lábios dele. Queremos que o caminho trilhado por ele seja sempre chancelado pelas nossas pegadas. Assim é mais fácil. Não é preciso questionar a mim mesmo. Não sou contrariado nos meus desejos. No mito de Narciso o que é apaixonante é a própria imagem.
Idealizamos os filhos. Queremos que eles cumpram missões frustradas que não pudemos cumprir. Lançamos profecias sobre eles, lhes pesando os ombros com coisas que não deles, são nossas. Por vezes isso pode fazer bem, mas na maioria, não.
O outro é o maior desafio para a convivência saudável. O questionamento de nós mesmos naquilo que nos é tolerável... assim nascem as redes sociais, os grupos de ajuda, as comunidades religiosas, os times esportivos: aglutinação naquilo é essencial e respeito nas diferenças que não essenciais.

Mas o que é essencial?