terça-feira, 7 de julho de 2015

MORTE E VELÓRIO

Hoje, mais uma vez fui atravessado pelos afetos vividos em um luto...Nos olhares trocados... no choro compartilhado...
Não conhecia o senhor que faleceu... mas não precisava disso para fazer idéia dos sentimentos ali experimentados: já sepultei meus pais; já me despedi de amigos; já celebrei várias despedidas. Já chorei muita gente da minha história, da minha caminhada; gente que compartilhou sorrisos, abraços, amores...
Penso que o choro do velório é uma antecipação da saudade. Não o veremos mais, contamos agora só com as imagens: as de fora de nós e as de dentro também.
Porque será que nos chocamos tanto com a morte, se é a agenda absoluta de tudo que é vivo? Uma das certezas mais presentes em nós é a de que morreremos!
Duas questões vêem ao meu encontro na tentativa de cuidar de mim nesse frágil momento: A primeira, de que não fomos criados para morrer; a segunda, de que todo sepultamento nos provoca ao espelhamento da nossa própria finitude.
No livro do Eclesiastes, livro da Bíblia que traz reflexões sobre a vida e a morte, traz-nos que o Criador nos fez com eternidade dentro de nós (cap. 3 verso 11); não nos quedamos à morte, queremos a vida. Fugimos daquela e agendamos constantemente esta.
Cada velório sepultamos um pouco de nós. A terra que é jogada no ritual  da despedida é o ensaio daquela que nos espera.