terça-feira, 11 de junho de 2013

HISTÓRIAS DE CAPIAU: DAQUELAS BRIGAS DE GALO

Meu pai praticava o "galismo", isto é, colocava galos treinados pra brigar. Sem discutir a ética ou a legalidade, quero apenas contar que minha infancia esteve atrelada aos treinamentos galináceos e as lutas regadas a apostas desses bravos guerreiros, que na arena (chamado de tambor), dava seus golpes enquando fôlego tinham. Meu pai investia do seu tempo a este lazer esportivo, e não negava que esse tempo se misturasse a atenção que dava a mim. Fazia do treinamento dos galos, lúdicos momentos, resultando, não  raras vezes, gargalhadas de ambos... colocar o galo sobre um cabo de vassoura em horizontal, e puxá-lo pelo rabo pra que bata as asas e fortaleça a musculatura das coxas e asas era um desses exercícios divertidos de ver ... já com 12 anos, meu pai me desafiava a ajudá-lo nessas coisas... pra ficar perto dele, sucumbia, ao que antes era divertido de ver... um dia desses de treinamento, meu pai mandou que eu pegasse um galo na gaiola e trouxesse até o tambor, onde fazíamos os treinamentos, e disse enquanto eu caminhava em direção a gaiola:"cuidado que ele (o galo)! É meio arisco"... depois entendi que arisco é igual a BRAVO. Imitando meu pai, aproximei da gaiola e estalando os dedos, fui abrindo a taramenla da portinhola e levando a mão pra pegar o tal galo. Ele fez os movimentos de costume: arrepiar-se, descer com asa em direção aos pés, cacarejando curtamente "có-có-có" ... quando estava com a mão a uns 15 cm dele, o bicho soltou uma bicada de apoio e uma esporada na minha mão ... puxei instantaneamente a mão e gritei ao meu pai - "É bravo !", no que ele insistiu, ainda tentei umas duas vezes, agora puxando a mão antes dos golpes treinados e me safando de outras feridas. Meu pai veio caminhando lentamente, diante do barulho da minha lida de amador e da demora da chegada do galo.  Chegou com ar de especialista e enfiou a mão dentro da gaiola e o guerreiro de vontade forte desferiu o mesmo golpe que outrora havia me amedrontado... coitado do galo, não percebeu que mão tinha tinha mudado e foi parar na panela do almoço daquele sábado. Daí a piada dizer que um sujeito foi à rinha, e nunca havia apostado no tal esporte. Perguntou a alguém que julgou mais experiente, que galo era o bom , pra que ele apostasse: o branco ou preto? Ao que o então arguido, atento a briga, respondeu prontamente: o preto! Tão logo ao fazer a aposta, o galo preto tombou no centro do tambor morto com um golpe no pé do ouvido. "- Uai? O galo preto não era o bom?- Há sim! Era o bom... mas o marvado mermo, era o branco!"

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