segunda-feira, 11 de junho de 2018

Dia "N" (dos Namorados)

Amanhã será um grande dia para os enamorados. Quando pensei em dar minha pífia contribuição aos corações, já motivados, vieram-me verdades teológicas/ religiosas, outras direções das psicologias (TCC, psicanálise, humanista...), e até mesmo os resultados modernos de pesquisas da Neuropsicologia...mas acredito que minhas veias existenciais me levaram para o encontro dos poetas, ainda que o sejam pesquisadores, psicólogos ou teólogos. A todos consultei, e o oráculo me trouxe coisas que me fazem muito bem... por isso, compartilho :
Lanço mão de um texto publicado pela Sociedade Campineira de Estudos em Sexualidade Humana - SCESH , deixando de citar especificamente os autores para evitação do pedantismo científico, já que me proponho beber na poesia. Apenas estará em aspas o que não é meu.
Romeu e Julieta, Helena e Paris, Dante e Beatriz, Bonnie e Clyde, entre tantos outros casais loucamente apaixonados, protagonizam romances trágicos. Histórias, mitos, romances literários, seja o que for, trazem-nos a força da paixão. Não bastasse a força, as delícias hormonais aproximam o estado do ente apaixonado ao mesmo de um usuário de substâncias que alteram o cérebro e a razão...
Enlouquecidos, somos felizes. E fazemos loucuras...Mas acaba. Toda loucura segue ao retorno da razão e a morte. Por isso a paixão é forte como a morte. Lembre-se dos casais que citei: Romeu e Julieta se matam; Helena e Paris provocam a guerra de Tróia, Paris morre e Helena volta ao seu marido; Dante experimenta o amor platônico com Beatriz, que ao morrer, faz com que Dante dê uma guinada em vida; e por fim, o casal criminoso é assassinado por uma equipe da lei...
Se buscarmos a loucura no amor, não a encontraremos. Somente a paixão tem autorização de nos enlouquecer. E, infelizmente, esta e aquele são excludentes: Se este, não aquele.
A história d"as mil e uma noites" nos convida a pensar no amor como forma mais homeostática da vida...pensar quem ama é pensar no que não acaba. Mil noites nos leva a uma intensidade, e mil e uma, uma eternidade ainda mais além...
Xerazade é a personagem que vai além: no amor "é preciso que a chama não se apague, mesmo que a vela vá se consumindo. A arte de amar, é a arte de não deixar que a chama se apague. Não se deve deixar a luz dormir. E coisa curiosa: a mesma chama que o vento impetuoso apaga, volta a acender pela carícia do sopro suave..."
"Os místicos e os apaixonados concordam que o amor não tem razões." Vítima de ambas realidades, me vejo a enveredar pelo pelo campo do ridículo, sem razões... como afirma Fernando Pessoa que cartas de amor são ridículas, a quem descrevo, em parte, o poema:

Todas as cartas de amor são  ridículas. 
Não seriam cartas de amor se não fossem 
ridículas. 

Também escrevi em meu tempo cartas de amor, 
Como as outras,  ridículas. 

As cartas de amor, se há amor, 
Têm de ser ridículas. 

Mas, afinal, 
Só as criaturas que nunca escreveram 
Cartas de amor é que são 
Ridículas. 

Continuando um pouco mais, sem nenhuma pretensão de deter a verdade do amor, nem tampouco encerrar o conceito e doutrinar o sentimento... não, até porque isso seria racional... e não seria ridículo.
Drummond, meu conterrâneo, me ajuda a me deliciar nessa noite prévia do dia dos apaixonados, citando-o souto e livre das impressoes dos livros poetizo o tão nobre mineiro:
"eu te amo porque te amo - sem razões"
"Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo"
"Amor é estado de graça e com amor não se paga. É semeado pelo vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários... amor não se troca. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.
A Drummond, responde Rubem Alves: "Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim, ele flutuaria ao sabor dos seus gestos... Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra.
E viva os namorados !! Viva os afetos ! Parabéns aos apaixonados e aos que vivem o amor !!

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