quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Vínculos, amizades e tolerâncias

A família genética são aqueles que não escolhemos... simplesmente são. É o meu pai! É a minha mãe! são meus irmãos ! E se saímos desse primeiro círculos, já nos tornamos mais seletos: podem ser primos, mas não necessariamente amigos. E que bom que alguns o são...
Mas as amizades, há, as amizades !! Os amigos são a família que escolhemos ter... são os vínculos por adoção... o apego pelo que se tem afinidades, o afeto decidido.
Tenho tantas boas memórias de excelentes amigos... os da infância então... huuum !! Esses tem cheirinho gostoso de Resplendor: cheiro da escola, cheiro de caderno novo, cheiro de estojo de lápis (aquele de madeira). Vê-los novamente é sentir cheiro de festa junina, cheiro de recreio, de merenda (leite com chocolate numa caneca de alumínio que esquentava demais), cheiro das aulas de artes.
Mês passado, numa tarde de sábado, chegava a Resplendor (minha cidade natal), de moto, para mais um dos nossos maravilhosos encontros (consegui estar em 3 deles)... Enquanto entrava na cidade, essas memórias olfativas ajudavam-me a catalizar meu desconsertante prazer de estar ali... de chegar aonde nunca parti... saí de lá ... mas "lá" nunca saiu de mim. Mas desse sábado, escrevo depois.
Alguns dias antes do encontro, revi um desses amigos que decidimos que se torne família. Um dos que já protagonizou alguns dos meus escritos... esse amigo é desses que agenda com ele é serotonina pura, é riso constante, é alegria demais... Aliás, estar com esses amigos é antidepressivo na veia !!
Bom, ao revê-lo, me trouxe uma história que não me lembrava mais...
Um dia o convidei pra ir até ao clube da cidade, onde haviam 3 piscinas: a grande, de adultos; a média; e uma "pequena", de crianças... essa última, embora funda, ficava cheia até a altura de 50 cm , aproximadamente.
Chegamos lá, e tratei de apresentar imediatamente as piscinas pra ele... Tínhamos uns 7 anos de idade... ele, com cara de espanto, comentava sobre o tamanho das piscinas...
_ Vamos pular ? disse eu, referindo-me à piscina média e apontando em direção à ela.
_ Não sei se devo... é que não sei nadar ... respondeu-se ele, receoso.
_ Há, você ainda não aprendeu a nadar?
Antes que o amigo pudesse confirmar sua ignorância de movimentos hidrostática, empurrei-o para dentro de uma das piscinas...
O camarada se debatia desesperado, gritava socorro, e sacudia o corpo de um lado pro outro... alguns segundos depois, eu, assentado nessa piscina e rindo muito dele, tranquilizei-o e disse:
_ Fica em pé, ôô!! Aí onde você está é raso...
Ele, meio quadrado e sem graça, meio com raiva e meio agradecido... ficou em pé... Depois aprendeu a nadar fácil... Sou grato a Deus por esse amigo. Sempre foi. Nunca deixou de ser. Ele me faz bem em existir.
Você talvez me pergunte: mas você o o considerava amigo e faz isso com o cara ?
Se fosse inimigo, empurrava na piscina dos adultos, né não ? 

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