sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

A morte e o apagar das luzes

Próximo dos meus nove anos, já próximo de conceber o conceito definitivo sobre a morte, tinha pesadelos horríveis com a minha "indo embora".Um desses sonhos,, repetidos até, era que ela pegava o trem e eu ficava pra trás, na plataforma da estaçao... acordando desesperado, corria para quarto dela... nem sei se buscando o alento ou mesmo pra confirmar que ela estava viva... só sei que ela acolhia em seu colo... e dizia: calma, saulzinho, é que "você está crescendo".

Com o tempo, e as perdas reais fazendo parte dos ciclos, mortes naturais ou trágicas, me vi contornando aqueles sonhos...

Me vi na plataforma do trem da vida me despedindo de gente importante pra mim... 

E se o amor e a aproximação, a convivência com gente que aprendemos a amar nos ilumina para o caminhar da história, sejam eles parentes ou não, perdê-los é apagar um pouco da história.

Aprendi que quando alguém da gente morre, morre um pouco de nós mesmos.

Os personagens, o filho, o amigo, a marido... esses não farão sentido se a pessoa que recebe essa atuação do personagem não existir mais...

Correndo o risco de aumentar a melancolia do que escrevo agora, quanto mais velho ficamos, menos luz haverá !! Ah, você pode dizer: "arranje outros amigos" , ou "case-se de novo"...

A saúde mental desse tempo não é tentar substituir, mas sim, mas aprender a viver em sombras... na diminuição das luzes...

domingo, 30 de março de 2025

A ESSÊNCIA DE NÓS - UMA BUSCA

A mais de 15 anos atrás comecei esse blog para o extravasamento dos excessos: se muito feliz ou muito triste, tinha inspiração para escrever. Talvez tenha vivido uma certa plenitude com equilíbrio durante um tempo... não escrevi muito ultimamente.
Agora, de voltas as crises, vamos ao questionamento que me é peculiar: quem sou eu, hoje? Ou, qual a minha essência? Quem sou  eu, desde sempre? O que nunca mudou e o que nunca mudará? 
O quê, em nós, é a soma dos personagens sociais? O que resta de mim, extraindo os papéis impostos ou aqueles que decidimos assumir no palco da história ? Papéis estes que se avolumam de tal forma em nossa existência, sufocando a essência, isto é, aquilo que sou pra mim e por mim.
O quanto somos para os outros? Sou, para o sorriso e o conforto dos outros. Sou o ideal projetado do outro, então, sou a limitação do que esse espera de mim. 
Não importando toda a construção do quase sexagenário que sou, curioso, no entanto, em conhecer a mim mesmo, neste aspecto, buscando uma percepção do eu narcísico de quando nascemos: Quem é o que resta de mim?