sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

A morte e o apagar das luzes

Próximo dos meus nove anos, já próximo de conceber o conceito definitivo sobre a morte, tinha pesadelos horríveis com a minha "indo embora".Um desses sonhos,, repetidos até, era que ela pegava o trem e eu ficava pra trás, na plataforma da estaçao... acordando desesperado, corria para quarto dela... nem sei se buscando o alento ou mesmo pra confirmar que ela estava viva... só sei que ela acolhia em seu colo... e dizia: calma, saulzinho, é que "você está crescendo".

Com o tempo, e as perdas reais fazendo parte dos ciclos, mortes naturais ou trágicas, me vi contornando aqueles sonhos...

Me vi na plataforma do trem da vida me despedindo de gente importante pra mim... 

E se o amor e a aproximação, a convivência com gente que aprendemos a amar nos ilumina para o caminhar da história, sejam eles parentes ou não, perdê-los é apagar um pouco da história.

Aprendi que quando alguém da gente morre, morre um pouco de nós mesmos.

Os personagens, o filho, o amigo, a marido... esses não farão sentido se a pessoa que recebe essa atuação do personagem não existir mais...

Correndo o risco de aumentar a melancolia do que escrevo agora, quanto mais velho ficamos, menos luz haverá !! Ah, você pode dizer: "arranje outros amigos" , ou "case-se de novo"...

A saúde mental desse tempo não é tentar substituir, mas sim, mas aprender a viver em sombras... na diminuição das luzes...